sexta-feira, outubro 20, 2006

Riqueza fóssil do Madeira

Montezuma Cruz (*)

Em agosto de 1985, o garimpeiro Mauro Barbosa Reis doou uma mandíbula em adiantado estado de fossilização ao Laboratório de Arqueologia da Secretaria de Cultura de Rondônia. Na época, o arqueólogo Eurico Theófilo Miller avaliou em dez mil anos a idade do material encontrado no rio Madeira. “Comprova a contemporaneidade do homem com animais. O mastodonte, o megatério, crocodilos gigantes, cateto e capivara”, ele observou, ao conversar conosco.

Essa e outras descobertas demonstram que o rio, muito explorado pelos garimpeiros do ouro nos anos 80, guarda uma imensurável riqueza em fósseis. Miller supôs que a peça encontrada pertencera a uma índia, devido as suas características morfológicas.
Também naquela época, outro garimpeiro encontrou um osso enorme e soube que interessaria a alguém. No entanto, quis vendê-lo. Publiquei materinha no Jornal do Brasil. A atitude do garimpeiro irritou Miller, um inconformado quando as pessoas não enxergavam o grande valor dessas peças para a ciência.

"Cada achado é como uma página de um livro”, disse Miller. “O resgate representa as primeiras páginas e a sua conclusão depende da colaboração dos garimpeiros. No seu trabalho diário, eles encontrarão essas relíquias históricas que formarão esse livro", completou.
Depois disso, muita água rolou sob as dragas e barcaças, e muitos quilos de mercúrio poluíram um dos maiores rios da Amazônia. O que mais nos reserva o Madeira? Que a resposta seja dada pelos donos do projeto de construção das futuras hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio. Logo.


(*) Jornalista

Nenhum comentário: