terça-feira, novembro 28, 2006

28 DE NOVEMBRO: DIA DO ENGELS


Nasce em Barmen Friedrich Engels, teórico revolucionário alemão cuja obra é inseparável da de Marx, com quem escreverá, aos 27 anos, o Manifesto do Partido Comunista.





Engels aos 20 anos

sábado, novembro 25, 2006

O DIA DE HOJE

Amazonas, no aeroporto, abraça a militante Maria Trindade


25 DE NOVEMBRO DE 1979 - Dia do Amazonas
Duas mil vão ao aeroporto de Congonhas, São Paulo, receber o líder comunista João Amazonas (PCdoB) que volta do exílio em Paris. O coração de Diógenes Arruda, fragilizado pela tortura, não agüenta e ele morre de enfarto.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Lula reconhece em Vilhena ex-colega de metalúrgica


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que passou por Vilhena na tarde de segunda-feira, 20, aproveitou os 15 minutos de sua estada para cumprimentar pessoas que foram vê-lo no aeroporto Brigadeiro Camarão. Dentre os populares, estava um ex-colega dele, o funcionário público Oscar Rocha, 56 (na foto com o filho, Adriano, comemorando a vitória de Lula em outubro), natural de São Bernardo do Campo (SP) e morador em Vilhena, onde trabalha na Ceron (Centrais Elétricas de Rondônia). Durante oito anos, Oscar e Lula trabalharam juntos, no mesmo turno, nas indústrias Villares, do setor de metalurgia.
Mesmo com o tempo apertado, Lula, como sempre, quebrou o protocolo no aeroporto local e se dirigiu aos admiradores que se acotovelavam nas proximidades. Ao passar por Oscar, que estava atrás de uma grade de proteção, o presidente chamou-o pelo nome e exclamou: “Você por aqui, Oscar!” O ex-colega ficou feliz com a lembrança daquele com quem conviveu de perto entre 1970 e 1978.
“A gente saía às 3 da manhã da metalúrgica e ia comer buchada de bode num bar chamado Mineiro do Norte. E às vezes jogávamos futebol de salão na quadra da indústria”, recorda Oscar, que se orgulha desta história. Antes de se notabilizar como sindicalista, Lula foi eleito presidente da Associação dos Empregados da Villares, em 1971. “E ali estava evidenciado o líder atento às necessidades dos trabalhadores. Lula construiu um hospital para os metalúrgicos e seus familiares”.
Em Vilhena, o funcionário público não fez questão de se apresentar ao presidente. Humilde, disse que “conhece o seu lugar” Ficou em “meio ao povão”, conforme explicou à FOLHA. Militante do PT, Oscar já presidiu o partido e foi candidato a vereador em Vilhena. Recorda de toda a história que culminou na construção da maior agremiação de esquerda América Latina, a princípio tida como comunista, radical ou, simplesmente, o “partido dos barbudos do ABC”.
“Eu sei até do simbolismo da barba do Lula”, conta Oscar. Ele relembra que em 1977, Lula, já presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, liderou um movimento grevista nas Indústrias Villares. Os trabalhadores, “para provocar o comentário de que a grana estava curta até para a gilete”, resolveram deixar a barba crescer, algo que não era aceito à época na empresa. Lula nunca mais cortou a sua.
Depois de deixar São Paulo, Oscar se encontrou com Lula. Ele esteve em Rondônia durante a “Caravana da Cidadania”, em 1994, e após o Massacre de Corumbiara, em 1995.

Corrupção é apontada como maior problema de Vilhena em audiência do Ministério Público

O Ministério Público de Rondônia realizou uma audiência pública na noite de segunda-feira, 20, na Câmara Municipal de Vilhena, a exemplo do que vem ocorrendo em outras cidades pólos do Estado. As propostas apresentadas pela população vilhenense serão inseridas no Plano Geral de Atuação (PGA) do Ministério Público para o biênio 2007/2008, que está em processo de elaboração. O procurador-geral de Justiça, Abdiel Ramos Figueira, explicou que a audiência pública é uma forma da população expressar as necessidades do dia-a-dia.Na presença de cerca de 50 pessoas, a audiência foi presidida pelo procurador-geral de Justiça, Abdiel Ramos Figueira, e contou com a participação do subprocurador-geral de Justiça, Ivo Benitez, dos promotores de justiça Marcos Tessila, Paulo Lermen, Elicio de Almeida e Yara Travalon, além do presidente da Câmara de Vereadores, Cabo João, secretários municipais e representantes da sociedade.
VEREADOR DIZ QUE VILHENA É "GOVERNADA POR QUADRILHA"
Chamou a atenção a estatística sobre a corrupção apresentada durante a audiência pública do MP. Vilhena foi apontada como a segunda cidade – a primeira é Porto Velho – onde há mais ações, um total de 81, por denúncia de corrupção. Além deste número, foi apresentada uma pesquisa encomendada pelo MP sobre quais seriam os principais problemas das cidades rondonienses pela ótica da população. A corrupção liderou. Vilhena teve o segundo percentual mais elevado, perdendo apenas para a capital. Dos entrevistados, 67,4% citaram este problema, seguido do direito à saúde (61,4%) e combate à criminalidade (44,3%).O vereador Mauro Bil (PT) aproveitou para propor para que o MP designe um promotor exclusivo para tratar de denúncias de corrupção. O parlamentar atacou o nepotismo e fez acusações à administração municipal, à qual se referiu como “quadrilha”. O advogado José Francisco Candido, da Defensoria Pública de Vilhena, também comentou sobre o assunto.
POLUIÇÃO – A poluição dos rios Barão de Melgaço, Pires de Sá e Pimenta, além do uso descontrolado de agrotóxicos durante o processo de plantação de soja surgiram como motivo de alerta e grande preocupação durante audiência pública.
PROCON EFICIENTE – O trabalho da equipe do Procon de Vilhena foi elogiado pelos promotores. O gerente regional do órgão, Anísio Ruas, tem feito, segundo eles, “um trabalho eficiente”. Ao invés de se ater às audiências comuns ao órgão, Anísio Ruas iniciou um trabalho de orientação sobre direitos do consumidor, envolvendo inclusive crianças do ensino básico. “Fazemos palestras nas cidades e distritos do Cone Sul e o resultado é que tem melhorado a relação empresa-consumidor”, conta Anísio. Com a eficiência do trabalho de Anísio e sua equipe, poucos são os casos que hoje em dia terminam no Ministério Público ou na Justiça.

GENTE DE RONDÔNIA


ZÉ DA GAMELA: O ARTESÃO DA FLORESTA

Madeiras cujo destino seria, geralmente, as fornalhas ganham formas utilitárias e propiciam renda para um velho morador de Chupinguaia (sul de Rondônia). O artesão José Joaquim dos Santos, o conhecido Zé da Gamela, aproveita tocos e tábuas sobrados nas serrarias da região para a fabricação de utensílios domésticos e objetos de decoração, como porta-chapéus, pilões, colheres, espadas, portas-caneta e –claro– gamelas de todos os tipos para fazer jus ao seu apelido.
Zé da Gamela é figura conhecida em Chupinguaia. Para falar de seu ofício, ele recebe as pessoas com um sorriso estampado no rosto e um "bom dia" animado na ponta da língua. Com orgulho, mostra muitas das suas peças. As mais vendidas, em terra onde dominam os sulistas, são as tábuas de temperar carne e espetos de churrascos.
Aos 60 anos de idade, 30 deles vivendo em Chupinguaia, Zé da Gamela nasceu no Espírito Santo. A maior parte de sua vida, passou roçando mato pra fazendeiros de Rondônia e de Minas Gerais. “Não aprendi a escrever nem meu nome”, conta. Já a arte de aproveitar madeira, ele aprendeu com um irmão mais velho. E desde 1991 trocou a enxada da lavoura pela arte de lavrar madeira. Começou a fazer do artesanato o seu meio de vida, na oficina construída em madeira numa esquina da Tancredo Neves, a principal avenida da cidade.
O esforço do artesão é nítido. Zé tem as mãos calejadas de tanto usar ferramentas rudimentares, como o enxó, a plaina e o serrote. Ele não tem torno e nem lixadeira elétricas. “Faço tudo no próprio muque”, diz ressaltando que o seu sonho é ter mais recursos para melhorar o acabamento das peças. Atualmente, o resultado são produtos rústicos, mas muito bem feitos graças ao esforço do já legendário Zé da Gamela.

quinta-feira, novembro 16, 2006

"Mídia brasileira é ameaça à democracia"


A íntegra da entrevista de P.A. Amorim ao site vermelho está no

O jornalista Paulo Henrique Amorim está empenhando na batalha pela democratização da mídia. Boa parte de seus textos, publicados no site Conversa Afiada, condena o monopólio e a feição golpista do jornalismo brasileiro. ''Essa mídia, como está aí, é uma ameaça à democracia''.

Aos 64 anos, formado em Sociologia, Paulo Henrique acredita que veículos tradicionais e conservadores não têm saída e tendem a piorar. Mas a Veja, aponta ele, avançou ainda mais no radicalismo: ''Hoje, ela é mais do que conservadora. É uma revista de extrema direita''. Em sua opinião, o que a mídia fez no segundo turno configura um golpe - e a bandeira da liberdade de imprensa é usada como falácia para justificar desmandos dos jornalistas.

Paulo Henrique também ataca a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão, que ficou restrita à classe média. A medida, segundo ele, deixou as redações sem ''proletários'', sem profissionais com ''sentimento de solidariedade''.

LULA E IMPRENSA
Acho que o presidente Lula está, de certa maneira, sitiado pela imprensa escrita e por uma boa parte da imprensa de televisão. Não é por acaso que a empresa líder no jornalismo televisivo, que é a TV Globo, contribuiu para aquilo que considero o golpe da mídia no primeiro turno.

O governo Lula deveria dar o salto tecnológico e, entre outras providências, investir maciçamente na comunicação pela internet. A minha questão é a da democratização da informação numa sociedade complexa, diferenciada, desigual, como a brasileira, que tem a mídia que tem. Talvez seja a batalha mais interessante que a minha geração de jornalistas possa travar neste momento: contribuir para democratizar a mídia.

Segundo o jornal New York Times, a vitória do presidente Lula foi ''esmagadora'' - adjetivo que nenhum jornal brasileiro usou. Foi uma vitória acachapante, mas também uma vitória ideológica. No segundo turno, Lula jogou a campanha para a esquerda, para os traços principais do trabalhismo brasileiro, a começar pela questão da privatização. Pessoalmente, tenho uma série de restrições a isso. Não vejo a privatização como um bicho de sete cabeças.

Independentemente da minha opinião, o presidente Lula jogou a discussão para o eixo central do pensamento trabalhista no Brasil - que é a questão da nacionalização, da estatização, da integração do Estado com a economia. Ele foi lá para trás, foi buscar Getúlio Vargas, Jango, Petrobras, Eletrobras. Ele não só ganhou com a maioria esmagadora do povo brasileiro. Usou também uma linguagem mais trabalhista e mais ideológica do que foi no primeiro turno e do que foi nas eleições de 2002.
MÍDIA É FIEL AOS CONSERVADORES
O que está acontecendo no Brasil é um fenômeno típico da América Latina: correntes políticas conservadoras controlam os meios de comunicação tradicionais - a chamada mídia tradicional. E não tem saída. Porque essa mídia tem de ser fiel ao público dela, não pode correr o risco de tentar conquistar um outro público e perder o atual, que é um público conservador, tradicional.

Além do mais, ela precisa ter uma forte coloração partidária e política para manter a fidelidade de seu consumidor. Ou seja, essa mídia tradicional que está aí não vai mudar. Ela deve até piorar - deve aprofundar o compromisso ideológico com as correntes conservadoras do país.

Não é por acaso que o ídolo dessa corrente conservadora que se expressa na mídia brasileira, sobretudo na mídia impressa, é o Fernando Henrique Cardoso - que, por uma armadilha do destino, uma peraltice da história, se tornou o mais legítimo sucessor do Carlos Lacerda. Nas eleições, ele dizia que precisávamos de um Lacerda. Não precisávamos de um: ele era o Carlos Lacerda.

SEM SAÍDA
Nãoacho que a mídia vá fazer um mea-culpa ou vá se modificar. Essa mídia que temos vai daí para pior, porque ela não tem saída. Não podemos nos esquecer de que a indústria da imprensa escrita, de produção de jornal - a mídia toda está do lado dos setores perdedores. Eles perderam a batalha do crescimento econômico. A Brasil Telecom fatura em um trimestre o que a TV Globo fatura em um ano inteiro. O setor de telecomunicações é que é vencedor.

Essa mídia, como está aí, é uma ameaça à democracia. O professor Wanderley Guilherme dos Santos tem uma frase definitiva: ''Esta mídia tem o poder de provocar crises''. É essa a força da mídia conservadora brasileira, como é a da mídia do México, do Chile, da Argentina e da Venezuela. Diz o professor: ''Em nenhuma democracia madura do mundo, a mídia tem o poder que tem no Brasil''. É uma anomalia.

VEJA E A EXTREMA DIREITA
Eu sou da equipe que fundou a Veja, junto com o Mino Carta (hoje editor da Carta Capital). Houve um período em que a Veja, ainda na gestão do Mino, desempenhou um papel muito importante na batalha da liberdade de imprensa durante os anos militares. Eu não diria que ela foi sempre uma revista conservadora. Hoje, ela é mais do que conservadora. É uma revista de extrema direita.
LIBERDADE DE IMPRENSA: FALÁCIA
Liberdade de imprensa é todo mundo - todos os grupos, facções e minorias - ter a possibilidade de expor suas idéias. E na mídia conservadora brasileira, especialmente na mídia impressa, isso não é acontece. A cobertura dessa eleição foi distorcida, parcial, engajada e partidária.

O objetivo, durante todo o governo Lula, foi abreviar o mandato do presidente. A mídia jogou pelo impeachment desde o primeiro dia de governo. Esta é a minha opinião e é a opinião da professora Marilena Chauí, que eu respeito muito.
JORNALISTAS E... "JORNALISTAS"
Tem uma frase que o Mino costuma dizer......que jornalista chama patrão de colega. Isso é uma obra-prima! Aliás, a prefeita Marta Suplicy nos propiciou aqui, em São Paulo, a glória de termos uma avenida chamada ''Jornalista Roberto Marinho''. É a mesma coisa que dizer que o Walter Moreira Salles era bancário. O bancário Olavo Setúbal, o trabalhador em mineradora Antonio Ermírio de Morais. Ora, vamos e venhamos! Faça uma avenida com o nome de Vladimir Herzog. Ou dê o nome de Getúlio Vargas - porque São Paulo é a única metrópole brasileira que não tem uma avenida importante chamada Getúlio Vargas.

A prefeita Marta Suplicy, de um partido trabalhista, inaugurou uma avenida com o nome de um jornalista, que não era jornalista e que foi um dos maiores inimigos da causa trabalhista. Quando comecei a trabalhar no Jornal do Brasil, no Rio, havia um jornalista muito competente chamado José Silveira. Dizia ele que, quando o Aarão Steinbruch aprovou no Senado a lei do 13º salário, o Roberto Marinho fez um editorial dizendo que o trabalhador brasileiro saberia rejeitar essa manifestação populista. E foi esse camarada que a Marta Suplicy resolveu homenagear como ''jornalista''.

Muitas vezes, aqueles que estão nas redações também têm dificuldade de enxergar as coisas por um outro viés...Mas aí está uma entrevista que fiz aqui, no Conversa Afiada, com esse grande jornalista, esse grande brasileiro, chamado Mauro Santayana. Ele diz que os jornalistas perderam a compaixão, o sentimento de solidariedade, provavelmente por causa dessa nefanda lei - nefanda! - que obriga jornalista a ser formado em jornalismo.

Agora só existe jornalista de classe média - não tem mais um proletário nas redações. Quando comecei a trabalhar em jornal, trabalhei com muitos proletários e filhos de proletário. E isso não tem mais - é tudo mauricinho. E eles próprios são mais conservadores que seus patrões.

E acatam o que vem da chefia?Não é que acatam apenas. Eles transcendem o conservadorismo do patrão.

Ou seja, essa história de que os jornalistas compraram a versão do delegado porque teriam sido pressionados por suas chefias...Duvido. Fizeram, alguns deles, com muito entusiasmo.

quarta-feira, novembro 15, 2006

O DIA DE HOJE


1889 - Dia da República


O marechal Deodoro da Fonseca (foto), à frente da tropa, proclama a República e preside governo provisório. Começa a República da Espada, fase progressista que precede a República Velha. Mas a participação popular é minguada: "O povo assistiu a tudo bestializado", denuncia o republicano avançado Aristides Lobo.

1839:Os legalistas retomam Laguna, SC; fim da ofensiva farroupilha; Garibaldi a custo rompe o cerco em 3 barcos. Batismo de fogo de Anita Garibaldi.


1894: Posse de Prudente de Morais inicia 12 anos de presidentes do PRP, e 36 de hegemonia do latifúndio cafeeiro. Nasce a República Velha.

1932:Congresso Revolucionário, reunindo ex-tenentes, decide fundar um novo PSB (Partido Socialista Brasileiro).

1933:A Constituinte começa a trabalhar.

1961:Congresso Camponês em Belo Horizonte, 1.500 delegados. Campanha pró-reforma agrária. Jango comparece e apóia.

1965:Greve de 17 mil mineiros de cobre no Chile.

1969:Marcha de 250 mil em Washington, o maior ato contra a Guerra do Vietnã, liderado por comitê de 100 entidades pacifistas. Até ex-combatentes participam.

1970:Os secessionistas da Biafra rendem-se na Nigéria.

1986:
Eleição da Constituinte congressual e de governadores e deps. estaduais. O PMDB vence graças ao Plano Cruzado, finado em 21/11.

1989:1º turno da 1ª eleição presidencial em 29 anos; Collor (28% dos votos) e Lula (16%) vão para o 2º turno.

1991:
Índios Coruba atacam madeireira que invadiu sua terra no vale do Javari, AM.

Editor da Revista Carta Capital ganha processo contra Veja

A Justiça de São Paulo, Vara Cível de Pinheiros, condenou Diogo Mainardi e a Editora Abril por violação da honra e injúria contra o jornalista Mino Carta na revista Veja. Em seu Blog do Mino, o editor da Carta Capital deu a "boa notícia" aos 433 internautas que tinham se solidarizado com ele desde sexta-feira: "O tal caluniador acaba de ser condenado no processo que movo contra ele há algum tempo, e com ele foi condenada a publicação que o abriga".

No estilo provocador que destaca sua coluna na Veja, sob o título O Mensalão da Imprensa, Mainardi afirmou que Mino Carta (por ironia o primeiro editor da Veja, nos idos de 1968) estaria “subordinado a Carlos Jereissati”, tendo por “missão atacar Daniel Dantas e de defender a ala lulista representada por Luiz Gushiken”, e que isso o equipararia aos “mensaleiros”.
A sentença da juíza Camila de Jesus Gonçalvez Pacífico afirma que "as matérias não apresentam qualquer dado concreto que respalde os comentários ofensivos, ultrapassando os limites do direito de crítica ou opinião". Observa que a matéria O mensalão da imprensa "ofendeu a honra do jornalista Mino Carta e questionou a idoneidade da revista CartaCapital" (clique aqui para ver a íntegra da sentença).
A editora da Veja e Diogo Mainardi foram condenados a pagar "indenização por danos morais no valor de R$ 35.000,00, atualizados monetariamente desde a propositura da ação, até o efetivo pagamento, com juros de mora de 1% ao mês desde a citação".

segunda-feira, novembro 13, 2006

26 ANOS DEPOIS...

Nesta segunda-feira, 13, está fazendo 26 anos que o alagoano Aldo Rebelo foi eleito presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes). Por coincidência, neste mesmo dia ele, hoje presidente da Câmara dos Deputados pelo PCdoB de São Paulo, assume interinamente a Presidência da República --o primeiro comunista no posto-- em decorrência da viagem de Lula a Venezuela.

O DIA DE HOJE

Mercenários da Liga Norte, pró-EUA, cercam prisioneiro
2001 - Dia da queda de Cabul
Tropas de senhores da guerra mercenários tomam Cabul, em conexão com a invasão do Afeganistão pelos EUA, iniciada 36 dias antes para vingar o atentado do 11 de Setembro. Cai o governo islâmico do Talibã. Este recua para as montanhas do sudeste afegão, onde resiste com guerrilhas.


1922:4º Congresso da 3ª Internacional, admite o Brasil como “simpatizante”. O delegado do Brasil, Bernardo Canelas, tem atuação confusa.

1967: Golpe militar no Togo.

1980:Eleição direta na UNE, 380 mil votantes: Aldo Rebelo presidente.

1980:O Congresso aprova a volta do voto direto para governador e o fim (só em 1987) dos senadores biônicos.

1982:Morre em Salvador o mestre Pastinha (foto à direita), 93 anos, fundador da capoeira de Angola, patriarca de todos os capoeiristas.
Pastinha

1996:Lançado plano de “demissões Voluntárias” para funcionários federais: atingirá apenas 1/3 da meta do governo…

1998:O FMI anuncia empréstimo de US$ 41,5 bilhões ao Brasil, em troca do corte nos gastos públicos. Visa prevenir a crise do Plano Real, que arrebenta 2 meses depois.
Publicado originalmente no site www.vermelho.org.br

Para governo Lula, reeleição de Aldo seria melhor caminho


A presença do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) no Palácio do Planalto, segundo analistas políticos, antecipa um cenário que pode se repetir nos dois primeiros anos do segundo mandato do presidente Lula. Por dois motivos: a doença do vice-presidente poderá eventualmente afastá-lo do poder outras vezes, e porque Rebelo é forte candidato à reeleição para a presidência da Câmara.

A medida em que as grandes legendas da base aliada não se entenderem - e isso é muito provável -, o PCdoB terá a chance de apresentá-lo como um tertius. Político estudioso e hábil, Rebelo ganhou a confiança das lideranças partidárias e principalmente mostrou no cargo que Lula pode contar com a sua lealdade.
O preenchimento da presidência da Câmara tornou-se a questão política mais delicada do processo de reforma do governo. E para esse caso, o Presidente Lula precisa contar com um aliado leal imune às picadas da mosca azul do poder.
O presidente da Câmara é o terceiro na linha sucessória presidencial, e o segundo na hipótese de afastamento político, ou por doença, do vice-presidente eleito.
As alternativas surgidas para suceder Rebelo, até agora não causaram entusiasmo. Dono da maior bancada e do direito regimental de indicar o presidente, o PMDB tem no páreo os deputados Geddel Vieira Lima (BA), Eunício Oliveira (CE) e Michel Temer (SP).

Geddel é novato na base aliada, depois de quatro anos de oposição retórica radical. Eunício foi ministro das Comunicações e é homem da confiança de Lula. Já Michel Temer é a pior hipótese para o governo. Temer é tido como um "tucano" no PMDB. Foi presidente da Câmara durante um dos períodos do governo FHC e nunca escondeu sua antipatia em relação ao atual governo e à própria figura do presidente Lula.
A bancada do PT está próxima de lançar o deputado Arlindo Chinaglia (SP), mas sabe que outros nomes do partido também ambicionam o posto.

Os quatro pretendentes criam problemas para Lula. Temer, Geddel e Eunício dificultariam a reeleição do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) para presidir o Senado, e abririam o caminho para a eleição de José Agripino (PFL-RN) ou o anódino Marco Maciel (PFL-PE). Tudo o que Lula não deseja é um senador da oposição no comando do Senado, casa em que é precária a maioria governista.
Chinaglia ou outro petista poderiam expor o partido a um racha semelhante ao que levou em 2004 à eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE).
Em resumo, o comunista Aldo Rebelo parece a opção segura para que o governo possa se reformar sem riscos para a implicada equação do poder parlamentar.
Com agências

CHARGE DE AROEIRA - para o jornal O Dia

domingo, novembro 12, 2006

O ato preconceituoso de Jô Soares



Durante recente entrevista com a jornalista Miriam Leitão, o apresentador Jô Soares aproveitou para fazer mais um comentário preconceituoso contra o presidente Lula. Foi aplaudido pela platéia de paulistas classe média, mas recebeu uma resposta ''sociológica'' e contundente no artigo do cientista social paraense Eduardo Lauande - publicamos abaixo.


No último dia 7 de novembro, o apresentador Jô Soares entrevistou em seu programa a jornalista de economia Miriam Leitão, ex-militante do PCdoB, presa durante a Ditadura Militar. Durante a entrevista, Miriam falou da história de vida de seu pai, natural de Garanhuns (PE), mesma cidade onde nasceu o presidente Lula. A partir da informação de que o pai da jornalista ''era analfabeto, depois se tornou professor e venceu na vida'', Jô Soares comentou, de forma preconceituosa, o fato do presidente Lula não ter conseguido fazer o mesmo. Como era de se esperar de um público composto majoritariamente por pessoas da classe média paulista, a platéia interrompeu a entrevista para aplaudir o absurdo falado por Jô Soares. Mas até a própria entrevistada, Miriam Leitão, ficou visivelmente constrangida. Na entrevista seguinte, com a cantora Baby Consuelo, foi Jô quem ficou sem graça quando teve que ovir de Baby que o ''presidente Lula é um homem iluminado e deu a volta por cima''.

O ARTIGO

O ato preconceituoso de Jô Soares

Por Eduardo Lauande

Eu tenho asco contra as pessoas que pautam suas vidas pelo preconceito.

Mas antes de desenvolver meu raciocínio, vou começar com uma história.

Anteontem [ 07.11.06 ] eu assistia o Jô Soares.

Ele entrevistava a jornalista global Miriam Leitão. Gostei da história de vida dessa mineira, ex-militante do PCdoB e presa política em 1972. Lá pelas tantas, Mirian Leitão falava do seu pai que “era analfabeto, depois se tornou professor e venceu na vida”.

Jô, todo atento, replicou de forma desconexa ao assunto: “Quem dera que um cidadão de Garanhuns tivesse conseguido isso”.

O que mais me assustou é que a platéia bateu palmas pela intervenção do Jô.

Minha esposa Débora, de imediato, disse: “Isso é muito preconceito! !!”.

Jô estava, é claro, mencionando o presidente Lula.

Não acredito que o Jô seja um preconceituoso de marca maior ou menor. Acontece que sua atitude foi preconceituosa.

Vejamos.

Lula não tem um cabedal acadêmico ou de eloqüência literária, mas é um sujeito extremamente inteligente. Com uma agilidade de intelecto fora do comum.

Eu lembro que Antônio Gramsci ao dizer que “todos nós, seres humanos, somos filósofos” demonstrou que um intelectual orgânico pode ser uma liderança sem erudição acadêmica, mas sua inteligência reside no vigor de seu comando político.

Assim eu indago: Lula não é um intelectual orgânico?

Ou posso perguntar de outras maneiras: o que é vencer na vida? É ter nível superior?

A refutação que faço é dizer que Lula não tem nível superior, mas foi fundador do hoje maior partido de esquerda da América Latina e quiçá um dos maiores do mundo. Lula presidiu o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo dos Campos. Liderou greves no tempo do arbítrio. Foi deputado federal e hoje é presidente reeleito.

Eu por princípios metodológicos evito comparações, mas nesse caso será que o presidente Lula, diante dos parâmetros preconceituosos do Jô, não venceu na vida?

O Jô, por espécime, não tem nível superior. E aí? O Jô não venceu na vida?

Acontece o seguinte, as elites brasileiras, dentro de uma perspectiva sociológica, evitam expressar verbalmente o que entendem ser preconceito. Mas o fato é que “os brancos e os letrados” como bem avaliava Sérgio Buarque continuam tendo acesso privilegiado às oportunidades sociais e também convidam à reflexão sobre os limites das concepções que vêem o preconceito apenas como resultado de atitudes e atos individuais, sem atentar para a dinâmica estrutural que extrapola essa dimensão individual.

Em termos de políticas, a questão que imediatamente se coloca é que embora seja necessário o compromisso individual com a recusa do preconceito e da discriminação esse compromisso não é suficiente para alterar a estrutura preconceitualmente desigual da sociedade brasileira.

Por isso se eu tivesse que responder pelo Lula, se ele venceu ou não na vida, eu responderia, mesmo entre tantas réplicas e fora do estudo das elites, pela sua atuação em favor da melhoria da educação neste país.

Começaria assim.

Há um aspecto – que eu creio que nós devemos insistir sempre – , que faz falta no mundo de hoje, que é o aspecto da tolerância, do respeito à diversidade. Se o mundo de hoje é um mundo que tem um lado preocupante é o da intolerância.

E essa intolerância, geralmente, se apresenta sob a forma do preconceito. Vê-se, hoje, países com grande desenvolvimento econômico que também são injustos. Não têm, talvez, o lado da injustiça social nossa, mais gritante, que é essa desigualdade baseada na distribuição de renda, mas nem por isso deixam de ser injustos, porque estão voltando a ser preconceituosos e a valorizarem a exclusividade de um grupo econômico e racial.

Parece que este país, finalmente, despertou para o problema das minorias sociais e a necessidade de sua inserção nas práticas da cidadania. É a dívida histórica, que já dura 500 anos e precisa começar a ser paga, sob pena de não se chegar aos mínimos padrões da prática de uma aceitável democracia.

E é exatamente, no mais apropriado dos campos, o da educação, que o movimento, por assim dizer redentorista, está tendo início e o Lula venceu na vida porque enquanto liderança franqueou o debate, como também, criou e ampliou conquistas. E sua forma jurídica, entre outras, se reveste da figura das cotas, para assegurar a essas minorias, a dos negros, a dos índios e a dos pobres (se é que a pobreza brasileira pode ser havida por minoritária!) o direito de matricular-se nas universidades.

Lula aí novamente venceu na vida porque ele pautou dois projetos de lei que lastreiam essas medidas: um, voltado para o ensino superior privado o ProUni (Programa Universidade para Todos), e outro, um texto a ser aprovado pelo Congresso Nacional, instituindo cotas de ingresso de alunos nos estabelecimentos de ensino superior federais.

Assim Lula venceu na vida porque sua política educacional de governo baseia-se clara e definitivamente nessa idéia das cotas preferenciais para a matrícula de negros, índios e pobres (todos egressos das escolas públicas do ensino básico), nos estabelecimentos de educação superior, sejam privados, sejam federais (as universidades estaduais e municipais aderirão à prática, se assim decidirem, em razão da autonomia de que gozam).

Eu visitei o site do MEC e percebi que o comprometimento com esses princípios é tal que o próprio texto do anteprojeto de reforma universitária proclama, no art. 53 § 1º.: “Os programas de ação afirmativa e inclusão social (das instituições federais de ensino superior) deverão considerar a promoção das condições acadêmicas de estudantes egressos do ensino médio público, especialmente afrodescendentes e indígenas”.

E Lula venceu na vida porque o ProUni está em pleno vigor: as faculdades privadas que aderirem ao programa trocarão bolsas por perdão de tributos e assim preencherão cotas destinadas às referidas minorias. E, quanto ao projeto sobre a reserva de 50% das vagas de todos os cursos universitários federais para egressos do ensino médio oficial, nesse percentual incluídas as cotas de negros e índios, ainda vai dar muito pano para a manga nas discussões que se travarão no Congresso Nacional.

Se me pedissem a opinião sobre essa matéria tão polêmica quão atual, eu não me furtaria a dizer que tenho em boa conta a instituição de uma política de cotas para a inclusão de grupos sociais mais carentes nos cursos superiores. E nisso estou em ótima companhia, eis que Noberto Bobbio, a quem ninguém pode acusar de antidemocrático ou de transgressor da lei, também nos seus escritos se mostrou favorável a tal política. Para estabelecer a igualdade de oportunidades entre desiguais, no ponto de partida é, por vezes, mister estatuir, na lei, a necessidade de distribuições desiguais de benefícios. “Por isso”, diz ele, “os programas head start, conquanto, intrinsecamente inigualitários, são extrinsecamente igualitários, já que conduzem a um nivelamento das oportunidades de instrução”.

Por fim o Lula venceu derradeiramente na vida porque em Garanhuns, nos anos 60 do século passado, umas das poucas coisas para “crescer” era ser retirante para trabalhar de peão na construção civil ou ser metalúrgico em São Paulo e lá quem sabe “vencer na vida”.

E hoje Lula pode dizer, com apenas a sua 4ª série do ensino primário (hoje ensino fundamental) que venceu no Brasil.

Convenhamos: que vitória!!!

Fonte: www.vermelho.org.br

CHÁVEZ FAZ FESTA POR LULA

O presidente venezuelano Hugo Chávez afirmou neste sábado (11) que a Venezuela vai fazer deste domingo um dia de festa pela visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para inaugurar a segunda ponte sobre o rio Orinoco, no sul do país. Para a oposição venezuelana, a visita é considerada um apoio político a favor do presidente Hugo Chávez, candidato à reeleição.
O presidente venezuelano Hugo Chávez afirmou neste sábado (11) que a Venezuela vai fazer deste domingo um dia de festa pela visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para inaugurar a segunda ponte sobre o rio Orinoco, no sul do país.
"Amanhã chega o presidente do Brasil para nos visitar, e desde já declaramos dia de festa na Venezuela por esta ilustre visita do reeleito Luiz Inácio Lula da Silva", afirmou Chávez num comício em Maracaibo, oeste de Caracas.
Lula chega na noite deste domingo a Puerto Ordaz, sudeste, e volta ao Brasil na segunda-feira (13) à noite. Enquanto estiver fora, a presidência do Brasil será assumida interinamente pelo presidente da Câmara, deputado aldo Rebelo (PCdoB-SP).
Depois da inauguração da ponte, os dois presidentes visitarão a Faixa Petrolífera do Orinoco, especificamente o bloco petroleiro Carabobo 1, onde as estatais Petróleos de Venezuela (PDVSA) e Petrobrás têm uma empresa mista para certificação de reservas.
A ponte estava pronta há vários meses, mas Chávez se negava a inaugurá-la sem a presença de Lula, que se encontrava em plena campanha eleitoral, já que a obra foi construída com financiamento brasileiro.
A ponte de 3.156 metros tem quatro canais veiculares e um de via férrea e foi construída pela brasileira Odebrecht a um custo final próximo do um bilhão de dólares.
A Oderbrecht construirá também uma terceira ponte sobre o rio Orinoco, entre os estados de Guárico e Bolívar, por 991 milhões de dólares e que deve estar pronta em 2010.

O DIA DE HOJE

12 DE NOVEMBRO...
...1823 - Dia de "sua majestade, o canhão"

D. Pedro I dissolve a 1ª Constituinte brasileira: prisões, deportações. Ao sair do prédio, Antonio Carlos de Andrada tira o chapéu com ironia para "sua majestade, o canhão".


1746:Batizado em S. João del Rei, MG, Joaquim José da Silva Xavier, que o país conhecerá por Tiradentes. (Não se conhece a data do nascimento).


1818:365 dias após a batalha de Chacabuco, O'Higgins proclama a independência do Chile.


1923: Hitler é preso após golpe frustrado de Munique.


1930:Miguel Costa, João Alberto e outros ex-tenentistas lançam no Rio a Legião Revolucionária.


1968:Golpe militar no Panamá.


1970:O Chile de Allende reata relações com Cuba.


1981:
33º Congresso da UNE, Cabo frio, Rio de Janeiro. Elege Javier Alfaya presidente.


1986:Pela 1ª vez o Brasil asila refugiados políticos (7) do Chile do gen. Pinochet.


1989:Fim da 1ª campanha presidencial pós-64. Collor reúne 70 mil em Maceió; Brizola, 100 mil em Nova Iguaçu; Covas, 100 mil em Santos; Lula, 300 mil em São Paulo.

sexta-feira, novembro 10, 2006

CHARGE DE NOVAES

PFL FOI O MAIOR DERROTADO NAS ELEIÇÕES

Depois de amargar o pior resultado na disputa pelo governo nos Estados, o PFL pretende lançar mais candidatos nas próximas eleições. A estratégia deve ser colocada em prática já nas eleições para prefeito em 2008, segundo o líder do PFL no Senado e vice-presidente da sigla, José Agripino (RN). O partido obteve somente uma vitória nestas eleições, com José Roberto Arruda, no Distrito Federal.
Para o cacique pefelista, o partido precisa apostar mais na disputa para cargos majoritários para conseguir melhores resultados. Essa foi a "lição das urnas" para a legenda nestas eleições, de acordo com Agripino.
Desempenho
O desempenho do partido só caiu desde as eleições de 2002. Naquele ano, o partido havia feito sete governadores - melhor resultado do pleito, empatado com o PSDB. Na disputa de 2002, o PFL sofreu perdas e ficou com quatro Estados - Tocantins e Sergipe, além dos tradicionais rincões Bahia e Maranhão.
"O PFL foi, sem dúvida, o maior derrotado destas eleições. O partido foi praticamente varrido do mapa político nas disputas estaduais", sentenciou o cientista político Leonardo Barreto, professor da UnB (Universidade de Brasília).
Dos quatro Estados perdidos pelo PFL, dois chamam atenção: Bahia e Maranhão. Mesmo com o apoio do senador Antônio Carlos Magalhães, o governador Paulo Souto foi derrotado por Jaques Wagner (PT) já no primeiro turno. No Maranhão, a vitória de Roseana Sarney chegou a ser apontada no primeiro turno. Mas o pedetista Jackson Lago levou a disputa ao segundo turno e desbancou a oligarquia.
"O PFL perdeu rincões na região Nordeste, na qual esteve consolidado. Esse enfraquecimento deverá resultar em fragmentação do partido", avaliou Barreto.
Fonte: Larissa Guimarães (www.uol.com.br)

O DIA DE HOJE


10 de novembro de...

...1943: Passeata Estudantil do Silêncio (foto), São Paulo, no dia em que pela Constituição deveria haver eleição presidencial. Há repressão, 2 mortos e 25 feridos. Os estudantes associam a guerra ao nazismo com a democracia.
...1840:Um fidalgo baiano (não se sabe seu nome), vende o filho de 10 anos como escravo ao capitão do pataxó Saraiva. O menino é o futuro líder abolicionista Luiz Gama.

...1910: Nasce em Coimbra Álvaro Cunhal, dirigente histórico do Partido Comunista Português, no qual ingressa, na clandestinidade, aos 17 anos, e onde milita até a morte, em 13/6/2005.

1937: Golpe do Estado Novo. A tropa cerca e fecha o Congresso. Outorga da Constituição Polaca (por ser copiada da Carta da ditadura polonesa do mal. Pilsudski). Prisões no RJ, SP, RS, BA.

1945:O TSE reconhece a legalidade do PCB.

1950:J. Arbenz elege-se pres. da Guatemala. Reforma agrária, nacionalizações, até o golpe pró-EUA de 54.

1960:Reunião dos 81 PCs em Moscou expõe as cisões no movimento comunista.

1969:O governo do general Médici proíbe notícias sobre o Esquadrão da Morte, guerrilha, racismo. índios.

1975:Independência de Angola, ex-colônia de Portugal. O Brasil é o 1º a reconhecê-la.

EUA terão pela 1ª vez um senador socialista


Além da maioria democrata, confirmada pela admissão da derrota republicana em Virginia, o próximo Senado dos Estados Unidos terá também o seu primeiro membro muçulmano... assim como o primeiro socialista auto-assumido. Este é Bernie Sanders (foto), 65 anos, eleito pelo pequeno estado de Vermont, na Nova Inglaterra.

Outra "novidade"
O senador eleito de fé muçulmana é Keith Ellison, de Minnesotta, negro de origem católica mas convertido ao Islã e próximo ao movimento de Louis Farrakhan. Hoje, é membro da bancada democrata na Câmara de Representantes.

''A mais forte campanha de base''
O caso de Sanders é ainda mais inusitado, pois ele concorreu e se mantém como independente, embora para efeito dos blocos parlamentares engrosse a bancada democrata: e sabe-se que está tornou-se majoritária no Senado por apenas um voto de diferença. Atualmente ele também está na câmara baixa, onde é igualmente o único a se proclamar socialista.
Sanders venceu a disputa em Vermont após prometer que montaria ''a mais forte campanha de base que este estado jamais viu''. Deu certo, pois teve 65% dos votos, derrotando por larga margem o empresário Richard Tarrant, seu concorrente republicano. A folga aumentou porque o Partido Democrata decidiu não lançar candidato em Vermont, apoiando o postulante socialista.
''O extremismo de direita está morto''
Sanders faz uma avaliação otimista do resultado eleitoral nacional. ''Acredito que a política da direita extremista está morta no país. Isto é uma grande coisa'', declarou à TV, sobre a derrota do neoconservadorismo do presidente George W. Bush.Mas o senador eleito também expressa ressalvas em relação aos democratas. Ele disse que chamará os seus aliados a ''começar a barrar os poderosos interesses das corporações e os interesses monetaristas de Washington''. Mas agregou: ''Irão os democratas fazer isso? Eu não sei se farã ou não. Eu não sei até onde eles irão. Espero que o façam.''
Em mais de três décadas de vida pública, Sanders já se queixou muitas vezes da diminuta diferenciação entre os dois grandes partidos que dominam a política americana. Costuma chamá-los de ''o tweedle-dum e o tweedle-dee''. Mas reconhece o papel que os democratas tiveram para conduzi-lo ao Senado.

Um pequeno estado rebelde
Vermont, um pequeno estado da Nova Inglaterra que faz fronteira com a parte francófona do Canadá (o nome vem do francês e significa Monte Verde), é conhecido por sua rebeldia e atrevimento político, de conteúdo entre libertário e liberal (no sentido americano do termo, que corresponde vagamente a progressista). A tradição intriga os analistas, já que se trata de um estado em grande parte rural (sua economia se baseia no turismo de inverno) e o segundo mais branco do país (apenas 0,9% de hispânicos e 0,5% de negros).
Neste ambiente Bernie Sanders fez sua trajetória. Filho de uma família de imigrantes judeus-poloneses, que migrou para o Brooklyn, participou dos protestos nos anos 60-70 contra a Guerra do Vietnã, já foi prefeito de Burlington (a maior cidade do estado, com 40 mil habitantes) e desde 1991 elege-se membro da Câmara.
Apesar das simpatias progressistas dos seus conterrâneos, e de explicitar que seu socialismo é democrático, não tem sido fácil a carreira do agora primeiro senador socialista da história dos EUA. Ele diz brincando que será também o primeiro senador do país que já concorreu a um cargo majoritário obtendo apenas 1% dos votos -- resultado que obteve em duas outras campanhas para o Senado, nos anos 70.

Com agências

quinta-feira, novembro 09, 2006

TORTURA NUNCA MAIS

Após 30 anos, comandante do Doi-Codi foge de julgamento por tortura

Deveria ter sido julgado ontem, quarta-feira (8), pelo crime de tortura, em São Paulo, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, conhecido como comandante Tibiriçá, que comandou o Doi-Codi de 1970 a 1974. Seria a primeira vez que um acusado de tortura no Brasil é levado ao banco dos réus. Mas ele não compareceu ao julgamento. A ausência teria sido por uma falha na condução do processo.

No período em que ele esteve no Doi-Codi - órgão ligado ao Exército, que congregava naquela época membros das polícias civis federais e estaduais, das polícias militares e do Exército- foram relatados 502 casos de tortura.

Ele será levado a julgamento por um processo movido pela família Teles, que teve pai, mãe, duas crianças (de 4 e 5 anos) e uma tia torturados no órgão. Ustra escreveu um livro, "A verdade Sufocada", no qual se defende e nega acusações de tortura.

Em maio passado, depois de o livro ter sido comentado em coluna do jornal Folha de S.Paulo pela jornalista Mônica Bergamo, Edson Teles enviou uma carta, publicada pelo Observatório da Imprensa, onde fez o seguinte relato:

"Fui preso, aos 4 anos de idade, em minha casa"

Assistia ao Vila Sésamo, programa infantil de qualidade rara se comparado aos dias atuais. Fui interrompido pelos agentes do Sr. Ustra, diga-se do Doi-Codi, que à nossa casa invadiram com suas metralhadoras e palavras ofensivas.

Estávamos eu, minha irmã de 5 anos e minha tia, grávida de 8 meses. Colocaram-nos no camburão e nos levaram ao "escritório" deste cidadão que hoje tem endereço, salário do Estado e dá-se ao ato provocativo de escrever livros versando sobre parte das mais horríveis na história do Brasil.

Lembro-me, ainda no camburão, de ter brincado com uma daquelas armas que, por pura incompetência, haviam deixado ao meu lado e eles "caindo em cima" para tentar arrancá-la de mim, como se eu fosse O Terrorista.

Nas dependências deste então órgão público/estatal pude ver minha mãe e meu pai em tortura.

Após ser assim recebido pelo Ustra (ele em pessoa, não é uma entidade, uma alucinação, é este homem que hoje se diz vítima), fui levado a um lugar onde, através de uma janelinha, a voz materna, que meus ouvidos estavam acostumados a escutar, me chamava. Porém, quando eu olhava, não podia reconhecer aquele rosto verde/arroxeado/ensangüentado pelas torturas que o oficial do Exército brasileiro, Carlos Alberto Brilhante Ustra, havia infligido à minha mãe. Era ela, mas eu não a reconhecia.

Esta cena eu não esqueço, não porque arquiteto uma vingança imaginária contra o Ustra. Ela não é uma informação da qual disponho, mas uma marca que talvez só por meio da terapia de meu depoimento público possa acalmar, deslocar para espaços periféricos de minha memória.

Reitero meu desejo de vê-lo, o torturador Ustra, no banco dos réus respondendo por seus crimes. Se assim for permitido, serei a primeira testemunha de acusação".
Fonte: Gazeta do Povo Online
ELE CHAMA VÍTIMAS DA DITADURA DE "PERDEDORES"

“... aos jovens que não viveram aquela época e que somente conhecem a história distorcida pelos perdedores de ontem... Não é sobre a mentira que se alicerça o futuro de um País”.
CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA
Dedicatória de seu livro “A Verdade Sufocada” (imagem à direita)

O DIA DE HOJE


9 DE NOVEMBRO DE 1988

O Exército invade a CSN, Volta Redonda, RJ, ocupada por 8 mil metalúrgicos em greve, e mata 3 deles; a greve continua até 23/11.



Fonte: www.vermelho.org.br

ABANDONO DE MUSEU SERÁ RELATADO PARA O MUNDO


Documentário sobre o abandono do Museu Casa de Rondon será publicado em veículo internacional
O Museu Casa de Rondon vai ser tema de uma reportagem que será publicada nos próximos meses em veículo de circulação nacional e internacional. Talvez assim a administração pública faça alguma coisa pela memória de Vilhena.
Várias autoridades prometeram a recuperação do museu, mas ninguém concretizou a promessa. A prefeitura anunciou, só em 2005, três vezes a tal reforma que se daria com recursos, ora do Banco do Brasil, ora através de uma emenda ao Orçamento Geral da União, e a obra sequer foi começada.
Durante a década de 70 o antigo posto telegráfico ficou abandonado. A recuperação se deu em 1982, para novamente o local decair dali a 15 anos estando como está atualmente, com o telhado ameaçando ceder, a fachada descaracterizada e a maioria do acervo desviada.
A Casa foi fechada há dez anos, ainda quando era prefeito o madeireiro Ademar Suckel (PFL). Dos artefatos que existiam no local, a maioria desapareceu com o passar desta década de abandono.
Para arrematar o estado de abandono, há exatos seis anos plantadores de soja plantaram sobre o cemitério indígena que havia a 500 metros da Casa de Rondon, sendo que, à época, ainda era possível a identificação de 18 das, pelo menos, cem covas que teriam existido na área.
A região onde está a Casa de Rondon compreende o berço do núcleo urbano de Vilhena. A destruição do cemitério e do museu é um desdém absurdo à história de Vilhena e está sendo (mais uma vez) documentado.
(Foto e texto: Dejanir Haverroth - site www.vilhenaagora.com.br)

quarta-feira, novembro 08, 2006

O DIA DE HOJE



8 DE NOVEMBRO DE 1799

Dia dos heróis na forca

Enforcados 4 líderes da Conjuração Baiana: Luís Gonzaga das Virgens, 36 anos, Lucas Dantas, 24, João Nascimento, 24, Manuel Santos Lira, 23. Os corpos são esquartejados e expostos. O pardo escravo Luís da França Pires, também condenado à forca, logra fugir.

terça-feira, novembro 07, 2006

VALVERDE DEVERÁ SER O NOVO MINISTRO DO TRABALHO


O deputado federal rondoniense Eduardo Valverde (PT) deverá ser indicado ministro do Trabalho, a partir de 1º de janeiro de 2007, quando começa o segundo mandato do presidente Lula. Valverde confirmou a informação ao blog Rondônia Urgente.

A indicação seria um pleito da direção estadual e da bancada federal do PT para acomodar Eurípedes Miranda, o primeiro suplente de deputado.

A nomeação de Valverde viria como forma de prestigiar a legenda que conseguiu virar o jogo a favor do presidente Lula –derrotado no primeiro e vencedor no segundo turno no Estado. O PT, que nunca havia passado dos 5% para o Governo rondoniense, desta vez fez 26% dos votos, contrariando muitas pesquisas que mostravam a candidata a governadora, Fátima Cleide, até em quarto lugar, com 7% apenas.

Advogado e auditor fiscal do Ministério do Trabalho, 49 anos, Eduardo Valverde é carioca de nascimento, já foi candidato a senador e cumpre o seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados. Além de campeão de votos, Valverde é considerado um dos cem deputados mais influentes do Brasil, segundo o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) que mede aponta anualmente os deputados e senadores que comandam o processo decisório no dia-a-dia do Poder Legislativo.

HUMOR

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Alckmin tá a cara da Heloísa Helena

O DIA DE HOJE


7 DE NOVEMBRO...

...DE 1917
DIA DA REVOLUÇÃO

(25/10 pelo antigo calendário russo) Insurreição operária e camponesa na Rússia, sob a direção dos bolcheviques de Lênin. Começa a 1ª experiência de construção do socialismo no mundo.


"Outubro", esculturade A. Baladin

MARIMBONDO DE FOGO

De um peemedebista não identificado pelo Painel da “Folha de S.Paulo” sobre a derrota de Roseana Sarney na disputa pelo governo do Maranhão:
- O Sarney falou tanto que era do Amapá que o povo do Maranhão acabou acreditando.

'NÃO VOU ME METER A FAZER LEIS', DIZ O DEPUTADO ELEITO CLODOVIL


O deputado federal eleito Clodovil Hernandes (PTC) prometeu nesta segunda-feira que vai transformar Brasília de uma “cidade temida” para “cidade amada” e “mudar a forma de poder e política”. Após participar de reunião na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Clodovil concedeu entrevista, mas não deu detalhes de como pretende mudar Brasília. Entretanto, já descartou que vá fazer isso por meio de leis.
“Eu não vou me meter a fazer leis, porque não sei fazer isso. Eu sei avaliar se ela é boa ou ruim. Mas isso não é a minha proposta. Minha proposta é transformar o poder numa coisa boa e útil para todos nós”, afirmou o político eleito para o Legislativo.
Frente à insistência dos repórteres sobre como pretende fazer com que "Brasília não seja a mesma", o deputado do PTC disparou: “Você não votou em mim. Se você não votou em mim, não pode me cobrar nada. Eu vou fazer do jeito que eu sei. Eu não sou político de profissão”.
Indagado sobre a sua avaliação da reunião na Fiesp, que discutiu propostas para o crescimento do país, Clodovil preferiu não opinar. “Não posso avaliar, porque cheguei atrasado. Além disso, era uma reunião, não era uma comemoração nem nada. Trabalho a gente faz no escritório”, afirmou Clodovil.

segunda-feira, novembro 06, 2006

SERRA PODE DEIXAR O PSDB



O governador eleito de São Paulo, José Serra, cogita liderar a criação de um novo partido de centro. Em conversas reservadas, ele avalia que há um "vácuo político" no país depois do acirramento das divisões internas do PSDB e dos episódios e campanha midiática negativa que comprometeram o apoio da classe média ao PT.

Serra diz ter contatos em todos os partidos, em todos os Estados. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, ele já começou a mapear informalmente deputados, senadores e líderes regionais que possam integrar a nova legenda. O principal foco seria de lideranças do PMDB que fazem oposição ao governo Lula. É uma alternativa para um rearranjo partidário que imagina que terá início a partir das eleições de 2006 e como saída para o caso de a disputa interna no PSDB pela candidatura a presidente em 2010 chegar a um nível de racha extremo. Serra tem um desejo obsessivo de ser candidato a presidente e acha que pode não ter forças para emplacar seu nome como "candidato natural" da legenda, pois o governador de Minas, Aécio Neves, e o próprio ex-governador paulista, Geraldo Alckmin, que foi candidato neste ano, também têm os mesmos planos de se candidatarem à presidência em 2010.

Serra e Aécio têm conversado e acertado uma espécie de pacto de boa convivência, mas os próprios tucanos apostam que Serra e Aécio devem ter posição moderada em relação a Lula no início do segundo mandato, devendo, porém, tomar caminhos diferentes até 2010.

Mídia é condenada nas urnas: e agora?

Na festa da vitória, na noite de domingo retrasado, uma faixa enorme, que tomou toda a pista da Avenida Paulista, chamou a atenção dos animados militantes que comemoravam a consagradora reeleição de Lula. “O povo venceu a mídia”. Ela expressou bem o sentimento de milhões de brasileiros diante da deprimente e abjeta cobertura da imprensa nesta batalha política.

Alguns ativistas ainda aproveitaram para gritar “o povo não é bobo, fora Rede Globo”, relembrando o coro que ficou famoso durante a campanha das “diretas-já”. No palanque, um dos oradores aproveitou para desabafar: “Quero mandar um recado para revista Veja: vocês perderam as eleições”. Em pequenas rodinhas, outros cantarolavam: “Ou, ou, ou, a Veja se ferrou”.
De fato, entre outros derrotados no segundo turno, a mídia hegemônica foi uma das mais chamuscadas e ficou bastante desacreditada e desmoralizada. Com raras exceções, jornalões, revistas, rádios e emissoras de televisão tomaram partido na eleição. De maneira escandalosa, como a revista Veja e os jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, ou de maneira mais ardilosa, como a TV Globo, o grosso dos veículos de comunicação ocupou seus espaços para linchar o governo Lula e para apresentar de forma positiva ou “neutra” o candidato da oposição neoliberal, Geraldo Alckmin. Na prática, portaram-se como partidos da direita, procurando “pautar a política” e interferir descaradamente no resultado da sucessão presidencial.
Um autêntico “golpe midiático”
O grau de manipulação foi tão brutal que o veterano Marcos Coimbra, dono do instituto de pesquisas Vox Populi, chegou a afirmar que a mídia forçou a realização do segundo turno. A maneira parcial como ela, em especial a TV Globo, divulgou as fotos do dinheiro apreendido na desastrosa tentativa de compra do dossiê da máfia das sanguessugas, foi decisivo para adiar a reeleição de Lula. “Os eleitores foram votar no dia 1º sob um bombardeio que nunca tínhamos visto nem mesmo em 1989... Em nossa experiência eleitoral, não tinha visto nada parecido em matéria de interferência”. Felizmente, a corajosa e irrefutável reportagem de Raimundo Pereira, na revista Carta Capital, serviu para desnudar toda a trama da mídia.
Esse verdadeiro “golpe midiático” foi o desfecho do grotesco processo de deturpação que começou bem antes, com a amplificação dos fatos negativos para satanizar o governo Lula. Segundo Venício de Lima, autor do indispensável livro “Mídia, crise política e poder no Brasil”, “antes mesmo da revelação pública das cenas de corrupção nos correios, em maio de 2005, o ‘enquadramento’ da cobertura que a mídia fez, tanto do governo Lula como do PT e de seus membros, expressava uma ‘presunção de culpa’ que, ao longo dos meses seguintes, foi se consolidando por meio de uma narrativa própria e pela omissão e/ou pela saliência de fatos importantes”. Foi uma montagem típica do clássico “escândalo político midiático”.
Tucanos enrustidos na imprensa
A criminosa manipulação foi comprovada pelas estatísticas do Observatório Brasileiro de Mídia, que fez um rigoroso monitoramento da cobertura nos principais órgãos de imprensa. Durante toda a campanha eleitoral, o presidente Lula teve quase o triplo de menções negativas do seu adversário. Isto sem falar nas manchetes e na edição de fotos e legendas, sempre desfavoráveis ao candidato da coligação “A força do povo”. O Observatório também acompanhou as análises dos mais famosos colunistas da mídia, revelando que eles nada têm de imparciais. Merval Pereira e Mirian Leitão, ambos da Globo, foram os recordistas em ataques ao presidente e isentaram quase totalmente o candidato da direita, tirando seu disfarce tucano.
Tamanha deturpação até gerou certo mal-estar nas redações de alguns destes veículos. Raimundo Pereira revela que só teve como desmascarar a farsa da mídia graças a ajuda de jornalistas indignados com o tipo de cobertura. Em várias redações, o clima nestes dias foi de perseguição, com a imposição de pautas e a proibição de qualquer análise isenta. Na revista Veja, batizada internamente de “fabrica das maldades”, o espaço para o jornalismo crítico e investigativo foi totalmente suprimido – uma autêntica ditadura. Já a poderosa TV Globo arquivou reportagens sobre o envolvimento de tucanos na máfia das sanguessugas e, através do déspota Ali Kamel, o Ratzinger da Globo, manipulou deliberadamente a cobertura na reta final.

O DIA DE HOJE

6 DE NOVEMBRO DE...
...1836:

Os rebeldes farrapos do estado do Rio Grande do Sul proclamam na vila de Piratini a República do Rio Grande.
Imagem: Proclamação da República de Piratini, óleo de A. Parreiras


...1966:

Che Guevara, disfarçado (veja foto à direita), chega de trem a Corumbá (hoje Mato Grosso do Sul). Vem de São Paulo, a caminho da Bolívia.


***

1866:Decreto alforria todo "escravo da nação" que lute no Paraguai. Estima-se que serão negros 90 mil dos 160 mil mortos do Brasil na guerra.

1892: São Paulo abre o viaduto do Chá ou dos 3 vinténs. O pedágio gera 4 anos de reclamações, até cair.

1929:A polícia do Rio impede convenção do BOC (Bloco Operário e Camponês): 85 presos.11/1964: Golpe militar na Bolívia derruba o presidente Paz Estensoro.
1966:Che Guevara, disfarçado, chega de trem a Corumbá (hoje MS). Vem de SP, a caminho da Bolívia.

1975:8 mil homenageiam Wladimir Herzog, morto sob tortura. O ato ecumênico na Sé, S. Paulo, é o 1º protesto de massas desde o AI-5.

1980:A PF-PE indicia o pe Reginaldo Veloso na LSN por ter composto música em defesa do pe italiano Vito Miracapillo, ameaçado de expulsão.

1980:R. Reagan elege-se pres. dos EUA. Com M. Thatcher, encarnará a fase preliminar (anos 80) da ofensiva neoliberal.

1983:Greve de 20 mil sapateiros de Novo Hamburgo, RS.

1984:O vice Aureliano Chaves deixa o PDS e alinha-se com a oposição.

1984:Pinochet usa o estado de sítio para reprimir protestos populares no Chile.

1985:A guerrilha M-19 ocupa o Palácio da Justiça em Bogotá.

1987:Fim da moratória de Sarney (dura 8 meses). O Brasil volta ao FMI.

2002:1º Fórum Social Europeu, em Florença, na Itália.

domingo, novembro 05, 2006

REFLEXÃO NUM FIM DE DOMINGO


"Não seja insubstítuível! Se não puderem substitui-lo, você nunca mais será livre."

A CADEIA PRODUTIVA SEGUNDO OS TUCANOS



LIBERDADE DE IMPRENSA? INDIGNAÇÃO QUANDO CONVÉM

A revista Carta Capital, destaca em sua última edição (1/11) as diferenças na repercussão da suposta intimidação aos repórteres de Veja e da condenação de Emir Sader na mídia corporativista brasileira. Leia aqui a íntegra do artigo.

Há várias formas de impedir avanços democráticos em uma sociedade. Um deles, talvez o mais eficiente do ponto de vista de quem defende determinados privilégios, é bloquear a discussão sobre certos temas. No Brasil, os donos da mídia decretaram ser proibido debater seus erros e excessos, desnudar seus interesses ou apresentar, sobre o papel dos meios de comunicação, uma visão diferente.

A respeito, vale citar declaração recente do deputado federal Ciro Gomes, eleito com mais de 600 mil votos no Ceará e um dos políticos mais demonizados pela imprensa justamente por ter idéias próprias. Em entrevista ao blog Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim, sediado no portal iG, Ciro refletiu: “Precisamos ter clareza de que não temos de ter medo de avançar em uma questão substantiva, que é a questão da democratização dos meios de comunicação. Quando a gente discute esse tema, os que têm o monopólio da mídia vão sempre inventar que isso é autoritário. Não é”.

Dois casos exemplares da última semana mostram como levantar a bandeira da liberdade de imprensa é uma questão de conveniência dos veículos de comunicação.

A suposta intimidação de três repórteres da Veja, convidados a depor na Polícia Federal por causa de uma reportagem, produzida pela própria revista, que revelava um hipotético encontro às escondidas entre Freud Godoy e Gedimar Passos, mereceu editoriais indignados e alentados textos nos principais jornais e emissoras de tevê. Instituições de classe e a sempre atenta OAB lançaram notas a repudiar a “truculência” da PF e a exaltar a liberdade de imprensa. Como de costume.

Sutileza não faz parte da personalidade de policiais. Não há aqui defesa de ilegalidades por parte do aparelho de Estado. Nem se descarta a possibilidade de o delegado que ouviu os jornalistas ter cometido excessos injustificáveis contra cidadãos, qualquer que seja a profissão ou posição social, durante o depoimento.

Mas a situação está no seguinte pé. Em nota oficial, a direção da revista diz que seus profissionais foram intimidados. Também em nota, a Superintendência da PF em São Paulo nega. Em uma terceira correspondência, a procuradora Elizabeth Mitiko Kobayashi, escalada para acompanhar os depoimentos por ser representante de um órgão independente, afirmou que, no seu entendimento pessoal, não houve “qualquer ato de intimidação por parte da PF, o que teria provocado imediata reação de minha parte”.

A repercussão do episódio relativiza, porém, as versões fornecidas pelas partes. Enquanto editoriais e textos tratam as acusações de Veja como expressão da verdade absoluta, as negativas da PF e da procuradora são colocadas no condicional, desde sempre tratadas com salutar espírito crítico e distanciamento. Pergunta: Por que não proceder da mesma maneira em relação às declarações da revista? Por ora, interpretemos a reação em cadeia ao que teria sido um “ataque à liberdade de imprensa” na conta do viés corporativista tão recorrente. Corporativista, diga-se, quando, de certa forma, está em jogo a credibilidade das empresas de mídia.

A mesma solidariedade ou indignação não se nota, por exemplo, no caso da condenação do sociólogo Emir Sader, em processo movido pelo senador pefelista Jorge Bornhausen. Sader, em artigos na imprensa, havia chamado Bornhausen de “racista” por causa da famosa declaração do senador em que ele anunciava “o fim dessa raça”, ao se referir ao PT e a esquerdistas em geral.

O juiz auxiliar da 22ª Vara Criminal de São Paulo, Rodrigo César Muller Valente, condenou Sader a um ano de detenção, em regime aberto, e à perda do cargo de professor na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Cabe recurso.

Inaudita a decisão de Muller, pela tipificação do suposto crime, injúria, que teria sido cometido por Sader. Além do mais, é difícil negar que a frase do senador tenha sido racista, apesar de suas justificativas posteriores. Raras, porém, foram as manifestações de indignação diante do claro excesso do magistrado e da pena desproporcional. Em geral, deram-se em sites e blogs na internet. Nem uma linha em editoriais dos maiores jornais. Não houve sequer um colunista que tenha se comovido. Estes sempre vigilantes quando se trata não de defender um princípio, mas uma companhia. Ou um grupo delas.

sábado, novembro 04, 2006

AS RECENTES INVESTIDAS NORTE-AMERICANAS A CUBA

Em 10 de julho de 2006, o governo dos Estados Unidos apresentou oficialmente ao mundo a segunda versão do “Plano de Anexação para Cuba”, com o objetivo de aprofundar e consolidar outra política apresentada dois anos antes, o relatório “Comissão de Ajuda para uma Cuba Livre”. Somados, os dois documentos miram a soberania do povo cubano e são a marca indisfarçável da intensificação das ações de agressão econômica e política à Ilha.
Por Fernando Damasceno

O raciocínio do governo norte-americano é simplório, mas ao menos é coerente com a política adotada contra Cuba há mais de 40 anos: é necessário gerar um clima de penúria e instabilidade no país, de tal modo que a população dê seu aval a uma eventual intervenção militar dos EUA.
Para tanto, o novo relatório expõe sem qualquer pudor a determinação do governo norte-americano em derrubar as instituições amparadas pela Constituição cubana, aprovada em referendo por mais de 95% do país. Se isso não bastasse, tal política significa apenas parte do “Plano de Anexação para Cuba”, já que alguns trechos do documento são mantidos em segredo, “por razões de segurança nacional”, segundo informações da Casa Branca.
Assédio, ameaças, represálias, perseguições...Na prática, boa parte das novas medidas são baseadas no recrudescimento de alguns artigos da Lei Helms-Burton, aprovada em 1996 pelo governo Clinton, cujo conteúdo principal é a proibição da concessão de vistos para entrar nos EUA àqueles que invistam em Cuba.
Com a nova versão do plano, o governo norte-americano conseguiu que sua política afetasse setores tão distintos de Cuba como o turismo e a produção artística, atingindo até mesmo entidades religiosas e cidadãos comuns norte-americanos.
Segundo informações do Consulado de Cuba em São Paulo, em outubro de 2005 o governo dos EUA passou a criar dificuldades para que artistas cubanos obtivessem o visto de entrada em seu país. A alegação: os artistas “reportariam benefícios financeiros para o regime de Castro”.
Outros casos ilustram muito bem até que ponto chega a insensatez norte-americana:
Desde janeiro de 2006, dezenas de agências de turismo norte-americanas foram fechadas, após uma intensificação de auditorias. O motivo: oferecer a seus clientes pacotes de viagem para a Ilha, “descumprindo as sanções vigentes contra Cuba”, segundo relatório do Escritório de Controle dos ativos Cubanos (OFAC, na sigla em inglês).
Em 4 de maio de 2006, a deputada Ileana Ros-Lehtinen, assumidamente anticubana, apresentou um projeto de lei “para não admitir nos Estados Unidos estrangeiros que realizaram investimentos que ajudem a ampliar a capacidade de Cuba para desenvolver os seus recursos petroleiros e para outros fins”.
Somente em 2005, 487 cidadãos ou residentes nos Estados Unidos foram multados por terem cometido “violações” ao bloqueio, especialmente por terem viajado a Cuba.
Em julho de 2005, o governo norte-americano confiscou 43 caixas com computadores que seriam doados a escolas cubanas, como ajuda humanitária organizada pela organização inter-religiosa Pastores pela Paz. Dois meses depois, membros do Conselho Nacional de Igrejas dos Estados Unidos tiveram suas licenças para viajar a Cuba negadas.
Em fevereiro de 2006, começaram a vigorar novas restrições da OFAC sobre as instituições bancárias dos EUA. Qualquer “transgressor” que se disponha a realizar alguma transação com Cuba será alvo de investigações civis – a lei também permite que inquéritos sejam abertos.
No primeiro semestre de 2006, 73% dos vistos solicitados por funcionários cubanos para viajar aos Estados Unidos por motivo de trabalho não foram outorgados pelo Departamento de Estado.
Para o ano de 2006, o governo dos EUA destinou mais de US$ 37 milhões para as transmissões ilegais de rádio e TV para Cuba, com o objetivo de financiar propagandas contra o regime cubano. Em relação a 2004, o valor recebeu um acréscimo de mais de 30%.
Ajudas humanitáriasEm junho de 2006, mais de 30 mil funcionários cubanos da área de saúde estavam espalhados pelo mundo trabalhando em missões humanitárias, cuidando especialmente de vítimas de catástrofes e fenômenos naturais.
Há décadas Cuba é vanguarda nesse tipo de ação, mas grande parte desse trabalho depende da importação de equipamentos médicos. Apesar do caráter nobre desse tipo de ajuda, o recrudescimento do bloqueio tem causado dificuldades àqueles que se dispõem a colaborar com o governo cubano.
O feitiço, como diz o velho ditado, realmente acaba tomando rumos inesperados às vezes. Em 2005, após os problemas causados pela passagem do Furacão Katrina, em Nova Orleans, Cuba não pôde enviar seus funcionários para ajudar as centenas de milhares de vítimas. À época, a demora e a limitação do serviço prestado pelas autoridades norte-americanas foi um duro golpe para a adminsitração de George W. Bush.
Fatos como esses – e até mesmo prejuízos econômicos aos Estados Unidos – fazem com que com importantes setores do país sejam contrários ao bloqueio. A terceira reportagem desta série, a ser publicada em 3 de novembro, tratará deste assunto.

O DIA DE HOJE

Piquete-gigante na zona sul de São Paulo

5 DE NOVEMBRO DE 1985
Dia da Greve de 85
Greve de 460 mil em SP. Tem como centro os metalúrgicos (capital, Guarulhos, Santos, mas abarca também químicos, plásticos, marceneiros, médicos, padeiros. Imensos piquetes percorrem os corredores

CHARGE


Esta charge do M. Aurélio foi feita originalmente para o Zero Hora

LUCIDEZ NO PFL: GOVERNADOR DE SP DEFENDE DIÁLOGO COM LULA E DIZ QUE É PSDB "TEM TUDO DE UDN"


O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (na foto com o poresidente Lula) disse ao jornalista Paulo Henrique Amorim, que a oposição, tanto o PFL quanto o PSDB, devem “atravessar a rua” e dialogar com o presidente Lula .

“PSDB e PFL devem atravessar a rua e dialogar com o presidente. O Brasil é maior do que as situações transitórias e o embate político”, defendeu Cláudio Lembo.
Para ele, não há a possibilidade de a oposição partir para um movimento de impeachement contra o presidente Lula. “Isso é bobagem. Impeachment por quê? O presidente Lula está fora de qualquer problema”, disse.
Segundo o governador, que é do PFL, o PSDB tem traços udenistas . “O PSDB tem tudo de UDN e está aí o problema”, disse Lembo.

A UDN foi um dos partidos determinantes da política brasileira entre as décadas de 40 e 60, de caráter fortemente conservador. Carlos Lacerda foi um dos principais expoentes da UDN. O partido passou a maior parte de sua vida na oposição com um discurso caracterizado pelo moralismo.

“A UDN era um partido de pequenos e estreitos segmentos da sociedade”, explicou Cláudio Lembo.
O governador de São Paulo disse que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contribui para que o PSDB tenha as características da UDN. “Ele contribui muito, foi ele quem lembrou a imagem de Carlos Lacerda. E só lembrar a imagem de Carlos Lacerda, quem tem na alma um espírito udenista”, disse Lembo.

Segundo Cláudio Lembo, Geraldo Alckmin, que disputou a presidência pelo PSDB, também tem traços udenistas.

Leia a íntegra da entrevista em:

PESQUISA APONTA VITÓRIA DE CHAVES


Pesquisa divulgada nesta sexta-feira (3) indica a vitória do presidente venezuelano Hugo Chávez nas eleições de 3 de dezembro com 53,2% dos votos, quase o dobro dos 28,1% de seu principal opositor, Manuel Rosales.
A pesquisa do Instituto Venezuelano de Análise de Dados publicada pelo jornal Ultimas Noticias revela uma queda na intenção do voto em Chávez, assim como em Rosales, em relação à semana anterior.
"Chávez passou de 54,8% no domingo, 22, a 53,2% na sexta-feira, 27", apontou o instituto, que acompanha semanalmente as mudanças nas intenções de voto dos eleitores.
O instituto acrescentou que no mesmo período Rosales variou de 28,9% a 28,1%, e de forma simultânea subiu a porcentagem dos que não quiseram responder ou não sabem em qual candidato vão votar: de 16,3% a 18,7%.
A pesquisa se baseou em entrevistas realizadas entre 18 e 29 de outubro com 1.400 eleitores de toda a Venezuela.
As informações são da Agência Estado

A TROCA DE E-MAILS ENTRE O PRESIDENTE DO PT E COLUNISTA DA VEJA

Leia abaixo troca de e-mails entre o colunista da revista Veja Diogo Mainardi e Marco Aurélio Garcia, presidente do PT.

Diogo Mainardi:
Prezado Marco Aurélio Garcia,
Eu gostaria de entrevistá-lo por cerca de quatro minutos para um podcast da Veja. O assunto é a imprensa. Eu me comprometo a não cortar a entrevista. Ela será apresentada integralmente.
Muito obrigado, Diogo Mainardi
Marco Aurélio Garcia

Sr. Diogo Mainardi,
Há alguns anos - da data não me lembro - o senhor dedicou-me uma coluna com fortes críticas.
Minha resposta não foi publicada pela VEJA, mas sim, sua resposta à minha resposta que, aliás, foi republicada em um de seus livros.
Desde então decidi não mais falar com sua revista.
Seu sintomático compromisso em não cortar minhas declarações não é confiável.
Meu infinito apreço pela liberdade de imprensa não vai ao ponto de conceder-lhe uma entrevista.
Marco Aurélio Garcia.

O DIA DE HOJE - HOMENAGEM ESPECIAL

4 DE NOVEMBRO DE 1969
MORTE DE MARIGHELLA COMPLETA 37 ANOS
A história da América Latina é uma história de injustiça e exploração. Mas é também - e sobretudo - a saga da resistência de homens e mulheres que, ao longo de cinco séculos, deram suas vidas no combate aos usurpadores das riquezas do continente.Neste sábado, dia 4 de outubro, faz 37 anos a morte do baiano Carlos Marighella. Deputado constituinte comunista de 1946, dirigente da ALN (Aliança Libertadora Nacional), foi executado aos 57 anos de idade em armadilha do grupo do delegado Fleury, na alameda Casa Branca, em São Paulo.
Na foto, Mariguela na redação
do Jornal do Brasil, 1964

ATO DE LEMBRANÇA
25 anos do traslado dos restos mortais para a BahiaCemitério da Baixa de Quintas - 10 de dezembro de 2004, com a presença de Carlos Augusto Marighella, filho de Carlos Marighella e Clara Charf, companheira de Marighella por 21 anos, de Jorge Nóvoa, autor do livro “Carlos Marighella: o homem por trás do mito”, dentre outros.
Sob o túmulo, a representação do tórax de Carlos Marighella, na lápide-monumento projetada por pelo arquiteto carioca Oscar Niemeyer.
HOMENAGEM EM CUBA
Inaugurada em 1973 no município de Sandino, província de Pinar del Rio, Cuba, a Escola Carlos Marighella funciona como instituto pré-universitário. Desenvolvendo atividades didáticas e trabalho agrícola.
SUA VIDA
Carlos Marighella nasceu em Salvador, Bahia, em 5 de dezembro de 1911. Era filho de imigrante italiano com uma negra descendente dos haussás, conhecidos pela combatividade nas sublevações contra a escravidão.
De origem humilde, ainda adolescente despertou para as lutas sociais. Aos 18 anos iniciou curso de Engenharia na Escola Politécnica da Bahia e tornou-se militante do Partido Comunista, dedicando sua vida à causa dos trabalhadores, da independência nacional e do socialismo.
Conheceu a prisão pela primeira vez em 1932, após escrever um poema contendo críticas ao interventor Juracy Magalhães. Libertado, prosseguiria na militância política, interrompendo os estudos universitários no 3o ano, em 1932, quando deslocou-se para o Rio de Janeiro.Em 1o de maio de 1936 Marighella foi novamente preso e enfrentou, durante 23 dias, as terríveis torturas da polícia de Filinto Müller. Permaneceu encarcerado por um ano e, quando solto pela “macedada” – nome da medida que libertou os presos políticos sem condenação -- deixou o exemplo de uma tenacidade impressionante.
Transferindo-se para São Paulo, Marighella passou a agir em torno de dois eixos: a reorganização dos revolucionários comunistas, duramente atingidos pela repressão, e o combate ao terror imposto pela ditadura de Getúlio Vargas.Voltaria aos cárceres em 1939, sendo mais uma vez torturado de forma brutal na Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo, mas se negando a fornecer qualquer informação à polícia. Na CPI que investigaria os crimes do Estado Novo o médico Dr. Nilo Rodrigues deporia que, com referência a Marighella, nunca vira tamanha resistência a maus tratos nem tanta bravura.
Recolhido aos presídios de Fernando de Noronha e Ilha Grande pelo seis anos seguintes, ele dirigiria sua energia revolucionária ao trabalho de educação cultural e política dos companheiros de cadeia.Anistiado em abril de 1945, participou do processo de redemocratização do país e da reorganização do Partido Comunista na legalidade. Deposto o ditador Vargas e convocadas eleições gerais, foi eleito deputado federal constituinte pelo estado da Bahia. Seria apontado como um dos mais aguerridos parlamentares de todas as bancadas, proferindo, em menos de dois anos, cerca de duzentos discursos em que tomou, invariavelmente, a defesa das aspirações operárias, denunciando as péssimas condições de vida do povo brasileiro e a crescente penetração imperialista no país.
Com o mandato cassado pela repressão que o governo Dutra desencadeou contra o comunistas, Marighella foi obrigado a retornar à clandestinidade em 1948, condição em que permaneceria por mais de duas décadas, até seu assassinato.
Nos anos 50, exercendo novamente a militância em São Paulo, tomaria parte ativa nas lutas populares do período, em defesa do monopólio estatal do petróleo e contra o envio de soldados brasileiros à Coréia e a desnacionalização da economia. Cada vez mais, Carlos Marighella voltaria suas reflexões em direção do problema agrário, redigindo, em 1958, o ensaio “Alguns aspectos da renda da terra no Brasil”, o primeiro de uma série de análises teórico-políticas que elaborou até 1969. Nesta fase visitaria a China Popular e a União Soviética, e anos depois, conheceria Cuba. Em suas viagens pôde examinar de perto as experiências revolucionárias vitoriosas daqueles países.
Após o golpe militar de 1964, Marighella foi localizado por agentes do DOPS carioca em 9 de maio num cinema do bairro da Tijuca. Enfrentou os policiais que o cercavam com socos e gritos de “Abaixo a ditadura militar fascista” e “Viva a democracia”, recebendo um tiro a queima-roupa no peito. Descrevendo o episódio no livro “Por que resisti à prisão”, ele afirmaria: “Minha força vinha mesmo era da convicção política, da certeza (...) de que a liberdade não se defende senão resistindo”.
Repetindo a postura de altivez das prisões anteriores, Marighella fez de sua defesa um ataque aos crimes e ao obscurantismo que imperava desde 1o de abril. Conseguiu, com isso, catalisar um movimento de solidariedade que forçou os militares a aceitar um habeas-corpus e sua libertação imediata. Desse momento em diante, intensificou o combate à ditadura utilizando todos os meios de luta na tentativa de impedir a consolidação de um regime ilegal e ilegítimo. Mas, mantendo o país sob terror policial, o governo sufocou os sindicatos e suspendeu as garantias constitucionais dos cidadãos, enquanto estrangulava o parlamento. Na ocasião, Carlos Marighella aprofundou as divergências com o Partido Comunista, criticando seu imobilismo.
Em dezembro de 1966, em carta à Comissão Executiva do PCB, requereu seu desligamento da mesma, explicitando a disposição de lutar revolucionariamente junto às massas, em vez de ficar à espera das regras do jogo político e burocrático convencional que, segundo entendia, imperava na liderança. E quando já não havia outra solução, conforme suas próprias palavras, fundou a ALN – Ação Libertadora Nacional para, de armas em punho, enfrentar a ditadura.
O endurecimento do regime militar, a partir do final de 1968, culminou numa repressão sem precedentes. Marighella passou a ser apontado como Inimigo Público Número Um, transformando-se em alvo de uma caçada que envolveu, a nível nacional, toda a estrutura da polícia política.
Na noite de 4 de novembro de 1969, há exatos 37 anos, surpreendido por uma emboscada na alameda Casa Branca, na capital paulista, Carlos Marighella tombou varado pelas balas dos agentes do DOPS sob a chefia do delegado Sérgio Paranhos Fleury.