quarta-feira, novembro 22, 2006

GENTE DE RONDÔNIA


ZÉ DA GAMELA: O ARTESÃO DA FLORESTA

Madeiras cujo destino seria, geralmente, as fornalhas ganham formas utilitárias e propiciam renda para um velho morador de Chupinguaia (sul de Rondônia). O artesão José Joaquim dos Santos, o conhecido Zé da Gamela, aproveita tocos e tábuas sobrados nas serrarias da região para a fabricação de utensílios domésticos e objetos de decoração, como porta-chapéus, pilões, colheres, espadas, portas-caneta e –claro– gamelas de todos os tipos para fazer jus ao seu apelido.
Zé da Gamela é figura conhecida em Chupinguaia. Para falar de seu ofício, ele recebe as pessoas com um sorriso estampado no rosto e um "bom dia" animado na ponta da língua. Com orgulho, mostra muitas das suas peças. As mais vendidas, em terra onde dominam os sulistas, são as tábuas de temperar carne e espetos de churrascos.
Aos 60 anos de idade, 30 deles vivendo em Chupinguaia, Zé da Gamela nasceu no Espírito Santo. A maior parte de sua vida, passou roçando mato pra fazendeiros de Rondônia e de Minas Gerais. “Não aprendi a escrever nem meu nome”, conta. Já a arte de aproveitar madeira, ele aprendeu com um irmão mais velho. E desde 1991 trocou a enxada da lavoura pela arte de lavrar madeira. Começou a fazer do artesanato o seu meio de vida, na oficina construída em madeira numa esquina da Tancredo Neves, a principal avenida da cidade.
O esforço do artesão é nítido. Zé tem as mãos calejadas de tanto usar ferramentas rudimentares, como o enxó, a plaina e o serrote. Ele não tem torno e nem lixadeira elétricas. “Faço tudo no próprio muque”, diz ressaltando que o seu sonho é ter mais recursos para melhorar o acabamento das peças. Atualmente, o resultado são produtos rústicos, mas muito bem feitos graças ao esforço do já legendário Zé da Gamela.

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